Foi em vão que se esforçou e contorceu. Não conseguia sequer dar um passo, nem para a frente nem para trás. Berrava com uma raiva impotente e dava freneticamente pontapés na lama com a perna livre, mas os seus gestos só faziam enterrar mais profundamente a perna de pau. Quando nos aproximámos, na nossa lancha, estava tão enterrado que tivemos de lhe lançar uma corda à volta do corpo para o içar, como a um peixe perigoso, para dentro do barco. Os dois Smiths, pai e filho, sentaram-se com ar carrancudo na sua lancha, mas saíram mansamente quando ordenámos que o fizessem. Prendemos a
Aurora com um cabo à nossa popa e tirámo-la da lama. Um cofre de ferro, sólido, de fabrico indiano, estava sobre o convés. Era o mesmo, sem dúvida, que contivera o agoirento tesouro dos Sholtos. Não havia chave; era bastante pesado, de modo que o transportámos cuidadosamente para a nossa pequena cabina. Ao subirmos lentamente o rio, dirigimos a lanterna em todas as direcções, mas não vimos sinal do homem da ilha. Algures, no lodo escuro do fundo do Tamisa, ficaram os ossos daquele estranho visitante das nossas costas.
- Veja isto - disse Holmes, apontando para a escotilha de madeira. - Por pouco que não fomos suficientemente rápidos a disparar. - Mesmo atrás do sítio onde estivéramos, ficara cravado um daqueles dardos assassinos que tão bem conhecíamos. Devia ter passado entre nós os dois no momento em que disparámos. Holmes sorriu, ao vê-lo, e encolheu os ombros despreocupadamente, como era seu hábito, mas confesso que fiquei agoniado ao pensar na morte horrível que passara tão perto de nós naquela noite.