A Guerra das Gálias - Cap. 5: LIVRO III Pág. 80 / 307

XXIII - Depois de ter recebido as armas e os reféns Crasso partiu para o país dos Vocates e dos Tarusates. Então, os Bárbaros, perturbados ao saberem que em poucos dias uma praça igualmente defendida pela natureza e pela arte caíra nas nossas mãos de todas as partes enviam deputados, trocam juramentos, reféns e prepararam as suas forças. Enviam também deputados aos Estados que pertencem à Espanha Citerior, vizinha da Aquitânia; dela obtêm socorro e chefes. A sua chegada permite-lhes lançarem-se em campanha com uma grande iniciativa e um número considerável de homens. Escolhem como chefes aqueles que mais tempo tinham servido sob as ordens de Quinto Sertório e passavam por ser muito hábeis na arte militar. Eles têm a maneira romana de estabelecer as suas posições, de fortificar os seus campos, de nos cortar os víveres. Crasso apercebeu-se disto; sentiu que as suas tropas eram muito pouco numerosas para serem facilmente divididas, enquanto que o inimigo podia ir longe, manter as estradas, deixando sempre no campo uma guarnição suficiente; que era por esta razão que o seu reabastecimento era pouco fácil, e que o número dos inimigos aumentava de dia para dia. Crasso pensou que não devia hesitar em travar batalha. Apresentou isto em conselho, e quando viu que todos pensavam como ele, decidiu combater no dia seguinte.

XXIV - Ao nascer do dia, alinhou na frente do campo todas as suas tropas, distribuídas em duas linhas, colocou no meio os auxiliares e esperou para ver o que o inimigo decidiria. Estes, dada a sua multidão e a sua velha glória militar, bem como o nosso pequeno número, tinham por certo vencer; no entanto, achavam ainda mais seguro obter a vitória sem vibrar um golpe, ocupando as estradas e cortando-nos os víveres; e, se a falta de trigo forçasse os Romanos a bater em retirada, pensavam atacá-los em plena marcha, embaraçados com os seus comboios e carregados com as suas bagagens, inferiores assim em coragem.





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