Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 6: CAPÍTULO VI

Página 184
Como vai a sua doente?

- Melhor, agradecida.

- Pois, minha senhora, tem sido de muita caridade, ir todos os dias por calor à Encarnação...

Luísa corou.

- Coitada! Não lhe falta companhia, mas...

- É de muita caridade, minha senhora - exclamou com ênfase. - Tenho-o dito por toda a parte. É de muita caridade. Um criado de Vossência!

E afastou-se comovido.

Luísa fora logo, com efeito, ver D. Felicidade. Tinha uma luxação simples; nos quartos da Silveira, com o pé em compressas de arnica, cheia de terror de perder a perna, passava o dia rodeada de amigas, chorando-se, saboreando os mexericos do recolhimento, e debicando petiscos.

Apenas alguém entrava para a ver, redobrava de exclamações e de queixas; vinha logo a história miúda, incidentada, prolixa da desgraça; ia a descer, a pôr o pé no degrau; escorregara; sentiu que ia a cair; ainda se sustentou, e pôde dizer: "Ai, Nossa Senhora da Saúde!" Ao princípio a dor não foi grande; mas podia ter morrido; tinha sido um milagre!

Todas as senhoras concordavam que era realmente um milagre. Olhavam-na compungidas, e iam ao coro alternadamente prostrar-se, e pedir aos santos especiais o alívio da Noronha!

A primeira visita de Luísa foi para D. Felicidade uma consolação; deu-lhe melhoras; porque se ralava de estar ali de cama, sem saber notícias dele, sem poder falar dele!

E nos dias seguintes, apenas ficava só no quarto com Luísa, chamava-a logo para a cabeceira, e num murmúrio misterioso: tinha-o visto? Sabia dele? - A sua aflição era que o Conselheiro não soubesse que ela estava doente, e não lhe pudesse dar aqueles pensamentos compassivos a que o seu pé tinha direito, e que seriam um conforto para o seu coração! Mas Luísa não o vira - e D. Felicidade, remexendo a chazada, exalava suspiros agudos.

<< Página Anterior

pág. 184 (Capítulo 6)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Primo Basílio
Páginas: 414
Página atual: 184

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 24
CAPÍTULO III 45
CAPÍTULO IV 70
CAPÍTULO V 121
CAPÍTULO VI 154
CAPÍTULO VII 191
CAPÍTULO VIII 213
CAPÍTULO IX 251
CAPÍTULO X 273
CAPÍTULO XI 293
CAPÍTULO XII 327
CAPÍTULO XIII 346
CAPÍTULO XIV 366
CAPÍTULO XV 387
CAPÍTULO XVI 400
"O PRIMO BASÍLIO" (CARTA A TEÓFILO BRAGA) 411