O Primo Basílio - Cap. 8: CAPÍTULO VIII Pág. 222 / 414

- Uma gente que tem aí pela Baixa correntezas de casas! Metade da Rua dos Retroseiros é dela!

- Mas muito agarrada! - disse o rapazola. E bamboleando o corpo, com o cigarro ao canto da boca: - Estou com ela há dois meses, e ainda se não desabotoou senão com o relógio e três libras em ouro!... Que eu, como quem diz, um dia passo-lhe o pé! - E cofiando o cabelo para a testa: - Não faltam mulheres! E das que têm Dom!

Mas a tia Vitória entrou, muito azafamada, com o xale no braço; e vendo Juliana:

- Olá! Por cá! Tive que dar umas voltas; estou na rua desde às seis. Bons dias, Sra. Teodósia; bons dias, Ana. Viva, temos por cá o alfenim! Entra cá pra dentro, Juliana! Eu já venho, meus pombinhos, é um instante!

Levou-a para o outro quarto, para o lado do saguão:

- E então, que há de novo?

Juliana pôs-se a contar longamente a cena da véspera, o desmaio...

- Pois minha rica - disse a tia Vitória -, o que está feito, está feito; não há tempo a perder; é mãos à obra! Tu vais ao Brito, ao hotel, e entendes-te com ele.

Juliana recusou-se logo; não se atrevia, tinha medo...

A tia Vitória refletiu, coçando o ouvido; foi dentro, cochichou com o tio Gouveia, e voltando, fechando a porta do quarto:

- Arranja-se quem vá. Tens tu as cartas?

Juliana tirou da algibeira uma velha carteirinha de marroquim escarlate. Mas hesitou um momento, olhou a tia Vitória com desconfiança.

- Tens medo de largar os papéis, criatura? - exclamou ofendida a velha. - Arranja-te tu; então arranja-te tu...

Juliana deu-lhas logo. Mas que as guardasse, que tivesse cautela!...

- A pessoa - disse a tia Vitória - vai amanhã à noite falar com o Brito, e pede-lhe um conto de réis!

Juliana teve um deslumbramento. Um conto de





Os capítulos deste livro