Juliana depois sem pedir licença, começou a sair. Quando voltava tarde para o jantar, não se desculpava.
Um dia Luísa não se conteve; disse-lhe, vendo-a passar no corredor e calçar as luvas pretas:
- Você vai sair?
Ela respondeu, muito atrevidamente:
- É como vê. Fica tudo arrumado, tudo o que é minha obrigação. E abalou, batendo os tacões.
Ora, não lhe faltava mais nada senão estar a constranger-se por causa da Piorrinha!
Joana começava a resmungar: "passa a sua vida na rua a Sra. Juliana e eu é que aguento..."
- Se você estivesse doente, também ninguém lhe ia à mão - acudiu Luísa; aflita, quando percebia estas revoltas. E presenteava-a. Dava-lhe mesmo vinho e sobremesa.
Havia agora um desperdício na casa. Os róis cresciam. Luísa andava sucumbida. - Como acabaria tudo aquilo?
Os desleixos de Juliana iam-se tornando graves.
Para sair mais cedo fazia apenas o essencial. Era Luísa que acabava de encher os jarros, que levantava muitas vezes a mesa do almoço, que levava para o sótão roupa suja que ficava pelos cantos...
Um dia Jorge que entrara às quatro horas, viu por acaso a cama por fazer. Luísa apressou-se a dizer que Juliana saíra, mandara-a ela à modista.
Daí a dias, eram seis horas, ainda não tinha voltado para servir ao jantar. Tinha ido à modista..., explicou Luísa.
- Mas se a Juliana é unicamente para ir à modista, então toma-se outra criada para fazer o serviço da casa - disse ele. Àquelas palavras secas Luísa fez-se pálida; duas lágrimas rolaram-lhe pela face
Jorge ficou pasmado.