Apenas ele saiu do quarto, limpando as unhas com o lenço, o Conselheiro conduziu-os à sala de jantar, dizendo jovialmente:
- Não esperem o festim de Lúculo: é apenas o modesto passadio de um humilde filósofo!
Mas o Alves Coutinho extasiou-se sobre a abundância das travessas de doce; havia creme crestado a ferro de engomar, um prato de ovos queimados, aletria com as iniciais do Conselheiro desenhadas a canela.
- É um grande dia para Sebastião! - disse Jorge.
O Alves Coutinho voltou-se logo para Sebastião, esfregando as mãos, com um riso na face amarela:
- É cá dos meus, hem? Gosta do belo doce! Também me pelo, também me pelo!...
Houve então um silêncio. As colheres de prata, remexendo devagar a sopa muito quente, agitavam os longos canudos brancos e moles do macarrão.
O Conselheiro disse:
- Não sei se gostarão da sopa. Eu adoro o macarrão!
- Gosta do macarrão? - acudiu o Alves.
- Muito, meu Alves. Lembra-me a Itália! - E acrescentou: - País que sempre desejei ver. Dizem-me que as suas ruínas são de primeira ordem. Pode ir trazendo o cozido, Sra. Filomena... - Mas detendo-a, com um gesto grave: - Perdão, com franqueza, preferem o cozido ou o peixe? É um pargo.
Houve uma hesitação, Jorge disse:
- O cozido talvez.
E o Conselheiro com afeto:
- O nosso Jorge opina pelo cozido.
- Também estou pela sua! - exclamou o Alves Coutinho, voltado para Jorge, com o olho afogado em reconhecimento: - O cozidinho!
E o Conselheiro que julgava do seu dever dar à conversação nobreza e interesse, disse, limpando devagar o bigode da gordura da sopa:
- Dizem-me que é muito liberal a Constituição da Itália!
Liberal! Segundo Julião, se a Itália