- Foi à Ópera? - perguntou Hallward, falando muito lentamente, com uma vibração de mágoa na voz. - Foi à Ópera, enquanto Sibyl Vane jazia morta em algum sórdido casebre? Pode falar de outras mulheres, dizer-me que elas são encantadoras, que a Patti canta divinamente, e ainda a rapariga que você amava nem sequer repousa na paz da sepultura! Lembre-se, homem, dos horrores que estão reservados para aquele alvo corpo!
- Cale-se, Basil! Não quero ouvir isso! - bradou Dorian, pondo-se bruscamente de pé. - Não me deve falar dessas coisas. O que está feito está feito. O passado é passado.
- Chama a ontem o passado?
- Que importa o lapso de tempo na realidade decorrido? Só as pessoas banais é que necessitam de anos para se libertarem duma emoção. Um homem que é senhor de si pode pôr termo a unia mágoa com a mesma facilidade com que inventa um prazer. Eu não quero estar à mercê das minhas emoções. Quero utilizá-las para as gozar, para as dominar.