O Sinal dos Quatro - Cap. 11: 11 - O Grande Tesouro de Agra Pág. 103 / 133

- Trouxe-lhe uma coisa melhor que notícias - respondi, pousando o cofre sobre a mesa e falando com jovialidade e exuberância, embora sentisse um peso no coração. - Trouxe-lhe uma coisa que vale mais que todas as notícias do mundo. Trouxe-lhe uma fortuna.

Ela olhou para o cofre de ferro.

- Então aquilo é o tesouro? - perguntou com bastante frieza.

- Sim, é o grande tesouro de Agra. Metade pertence-lhe a si e a outra metade a Thaddeus Sholto. Ficarão com algumas centenas de milhares cada um. Pense nisso! Uma renda anual de dez mil libras. Haverá poucas jovens senhoras mais ricas em Inglaterra. Não é maravilhoso?

Creio que devo ter exagerado a minha alegria, e ela detectou uma certa insinceridade nas minhas felicitações, pois vi-a erguer um pouco as sobrancelhas e olhar para mim curiosamente. Acabou por dizer:

- Se o tenho, devo-o a si.

- Não, não - retorqui -, não a mim mas ao meu amigo Sherlock Holmes. Mesmo que muito o desejasse, nunca teria conseguido seguir uma pista que chegou a pôr à prova o gênio analítico do meu companheiro. De facto, quase que a íamos perdendo no último momento.

- Queira sentar-se e conte-me tudo, Dr. Watson - disse ela.

Contei resumidamente o que sucedera desde a última vez que a vira. A maneira como Holmes resolvera prosseguir a investigação, a descoberta da Aurora, o aparecimento de Athelney Jones, a nossa expedição ao entardecer e a agitada perseguição no Tamisa. Com os lábios entreabertos e um brilho no olhar ouviu a minha narrativa das aventuras. Quando falei no dardo que por pouco não nos atingira, ficou tão pálida que receei que estivesse prestes a desmaiar.

- Não é nada - disse ela, quando me apressei a trazer-lhe um copo com água. - Já estou bem. Foi um choque para mim saber que fiz os meus amigos correrem um perigo tão terrível.





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