- O Toby podia comer estes restos - disse eu. - Vai deitar-se, Holmes?
- Não, não estou cansado. Tenho uma constituição física curiosa. Não me lembro de alguma vez ter sentido cansaço por trabalhar, embora a ociosidade me leve à exaustão. Vou fumar um bocado e pensar sobre este estranho caso que a minha estimada cliente nos entregou. Tenho a impressão que o nosso trabalho não vai ser difícil. Não há muitos homens com pernas de pau. Quanto ao outro homem, creio que deve ser absolutamente único.
- O outro homem novamente!
- Não tenciono de maneira nenhuma fazer dele um mistério para si. Mas decerto que tem a sua própria opinião. Consideremos os dados. Pegadas diminutas, dedos dos pés que nunca foram apertados por botas, pés descalços, bastão de madeira com cabeça de pedra, grande agilidade, pequenos dardos envenenados. Que conclusão tira de tudo isto?
- Um selvagem! - exclamei. - Talvez um daqueles indianos que eram sócios de Jonathan Small.
- Não é provável - retorquiu Holmes. - Quando vi pela primeira vez indícios de armas pouco habituais estive também inclinado a pensar isso, mas as características singulares daquelas pegadas levaram-me a reconsiderar o meu ponto de vista. Alguns habitantes da península do Indostão são homens pequenos, mas nenhum podia ter deixado aquelas pegadas. O hindu característico tem pés compridos e estreitos. Os Maometanos, que costumam usar sandálias, têm o dedo grande do pé bem separado dos outros devido à tira de couro que normalmente passa entre eles. Estes pequenos dardos, por sua vez, só poderiam ser disparados de uma maneira: através de um tubo. Onde iríamos, então, encontrar o nosso selvagem?