Às três horas da tarde soou a campainha, ouviu-se uma voz autoritária no vestíbulo, e, para minha surpresa, apareceu diante de mim o Sr. Athelney Jones. O seu comportamento, contudo, em nada se comparava aos modos bruscos e convencidos do professor de senso comum que tomara conta do caso com toda a segurança em Upper Norwood. Estava cabisbaixo. A sua atitude era de humildade e até de subserviência.
- Bom dia, senhor, bom dia - disse ele. - O Sr. Sherlock Holmes saiu, não é verdade?
- Sim, e não sei quando volta. Mas talvez queira esperar. Sente-se e experimente um destes charutos.
- Obrigado, aceito de bom grado - retorquiu o detective, limpando a cara com um lenço estampado a vermelho.
- E um uísque com soda?
- Bem, meio copo. Está muito calor para esta altura do ano, e ando bastante preocupado. Conhece a minha teoria acerca do caso de Norwood?
- Lembro-me de a ter ouvido.
- Bem, fui obrigado a reconsiderá-la. Tinha a minha rede bem apertada à volta do Sr. Thaddeus Sholto, que conseguiu, contudo, fazer-lhe um buraco no meio para sair. Alegou um álibi completamente irrefutável. Desde que saiu do quarto do irmão esteve sempre acompanhado por alguém. Por isso não pode ter sido ele quem subiu ao telhado e passou pelo alçapão. É um caso muito obscuro, e o meu crédito profissional está em xeque. Gostaria que me prestassem um pequeno auxílio.
- Todos nós precisamos, por vezes, de ajuda - comentei.