A Harpa do Crente - Cap. 2: A VOZ Pág. 33 / 117

Pela alma lhe vagava

Um negro pensamento,

Da alcíone ao gemido,

Ao sibilar do vento.

Era blasfema ideia,

Que triunfava enfim;

Mas voz soou ignota,

Que lhe dizia assim:

«Cantor, esse queixume

Da núncia das procelas,

E as nuvens, que te roubam

Miríades de estrelas,

E o frémito dos euros,

E o estourar da vaga,

Na praia, que revolve,

Na rocha, onde se esmaga,

Onde espalhava a brisa

Sussurro harmonioso,

Enquanto do éter puro

Descia o Sol radioso,

Tipo da vida do homem,

É do universo a vida:

Depois do afã repouso,

Depois da paz a lida.

Se ergueste a Deus um hino

Em dias de amargura;

Se te amostraste grato

Nos dias de ventura,

Seu nome não maldigas

Quando se turba o mar:

No Deus, que é pai, confia,

Do raio ao cintilar.





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