A Harpa do Crente - Cap. 4: MOCIDADE E MORTE Pág. 57 / 117

É a poesia a murmurar-lhe na alma

Última nota de quebrada lira;

É o gemido do tombar do cedro;

É triste adeus do trovador que expira.

DESESPERANÇA

Meia-noite bateu, volvendo ao nada

Um dia mais, e caminhando eu sigo!

Vejo-te bem, ó campa misteriosa...

Eu vou, eu vou! Breve serei contigo!

Qual tufão, que ao passar agita o pego,

Meu plácido existir turvou a sorte:

Hálito impuro de pulmões ralados

Me diz que neles se assentou a morte:

Enquanto mil e mil no largo mundo

Dormem em paz sorrindo, eu velo e penso,

E julgo ouvir as preces por finados,

E ver a tumba e o fumegar do incenso.

Se dormito um momento, acordo em sustos;

Pulos me dá o coração no peito,

E abraço e beijo de uma vida extinta

O último sócio, o doloroso leito.

De um abismo insondado às agras bordas

Insanável doença me há guiado,

E disse-me: «No fundo o esquecimento:

Desce; mas desce com andar pausado.





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