Folhas Caídas - Cap. 43: Capítulo XVII Pág. 74 / 80

Capítulo XVII

NO LUMIAR

Era um dia de Abril; a Primavera

Mostrava apenas seu virgíneo seio

Entre a folhagem tenra; não vencera,

De todo, o Sol o misterioso enleio

Da névoa rara e fina que estendera

A manhã sobre as flores; o gorjeio

Das aves inda tímido e infantil...

Era um dia de Abril.

E nós íamos lentos passeando

De vergel em vergel, no descuidado

Sossego d'alma que se está lembrando

Das lutas do passado,

Das vagas incertezas do porvir.

E eu não cansava de admirar, de ouvir,

Porque era grande, um grande homem deveras

Aquele Duque - ali maior ainda,

Ali no seu Lumiar, entre as sinceras

Belezas desse parque, entre essas flores,

A qual mais bela e de mais longe vinda

Esmaltar de mil cores

Bosque, jardim, e as relvas tão mimosas,

Tão suaves ao pé - muito há cansado

De pisar alcatifas ambiciosas,

De tropeçar no perigoso estrado

Das vaidades da terra.





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