E o velho Duque, o velho homem de estado,
Ao falar dessa guerra
Distante - e das paixões da humanidade,
Sorria malicioso
Daquele sorrir fino sem maldade,
Que tão seu era, que, entre desdenhoso
E benévolo, a quanto lhe saía
Dos lábios dava um cunho de nobreza,
De razão superior.
E então como ele a amava e lhe queria
A esta pobre terra portuguesa!
Velha tinha a razão, velha a experiência,
Jovem só esse amor.
Tão jovem, que inda cria, inda esperava,
Inda tinha a fé viva da inocência!...
Eu, na força da vida,
Tristemente de mim me envergonhava.
- Passeávamos assim, e em reflectida
Meditação tranquila descuidados
Íamos sós, já sem falar, descendo
Por entre os velhos olmos tão copados,
Quando sentimos para nós crescendo
Rumor de vozes finas que zumbia
Como enxame de abelhas entre as flores,
E vimos, qual Diana entre os menores
Astros do céu, a forma que se erguia,
Sobre todas gentil, dessa estrangeira
Que se esperava ali.