O Garimpeiro - Cap. 17: XVII – A GRINALDA E O TÚMULO Pág. 140 / 147

Quando Elias se apresentou ao limiar da porta, Lúcia não pôde conter um grito de surpresa. O Major recuou um pouco desconcertado, murmurando consigo:

- Este homem...! meu Deus!... este homem é como um espectro que surge sempre diante de mim em ocasiões destas.

Depois, recuperando o sangue-frio, cumprimentou cortesmente e disse-lhe:

- Oh! senhor Elias, muito me honra a sua visita... mas, desculpe-me a franqueza, - continuou com sorriso sardónico, - não posso dissimular-lhe que nesta ocasião ela não me parece de muito bom agouro.

- Não?... sinto muito, senhor Major; mas não admira que eu, que sempre tenho sido infeliz, não possa agourar senão desgraças. Mas agora... não sei qual possa ser o motivo...

- Não se lembra que a última visita com que me honrou, foi em vésperas de casar-se minha filha Lúcia?...

- Oh! se me lembro!... perfeitamente.

- E lembra-se também que esse casamento se desfez de um modo bem triste?...

- Como se fosse hoje, senhor Major...

- Pois bem; e agora que estou de novo em vésperas de casá-la, eis que me aparece a sua visita. Sou algum tanto supersticioso e não deixo de ficar um pouco apreensivo...

- E não é sem fundamento a sua apreensão, senhor Major. Já que me fala com tanta franqueza, permita-me que lhe retribua na mesma, e fique sabendo que o meu aparecimento hoje em sua casa não está longe de ser o anúncio de um novo desmancho de casamento.

- Deveras, senhor Elias! ? - exclamou o Major com um sorriso que exprimia a um tempo estranheza, desdém e zombaria. - Deveras! então ainda desta vez espera que temos pela barba algum moedeiro falso?...

- Pouco importa, - retorquiu Elias sorrindo. - Se não é moedeiro falso, o noivo de agora não deixa de ser um usurpador que pretende roubar o que lhe não pode pertencer.





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