O Garimpeiro - Cap. 3: III- NA ROÇA Pág. 33 / 147

. sei...

- Vai; leva isso e cala-te. Se ele te der alguma coisa para trazer-me, entrega-me fielmente, ouviste?

- Sinhá mandou... que remédio tenho eu...

Nessa noite Elias recebia o seguinte bilhete:

“Meu pai já tem conhecimento de nosso amor, e, como bem está se vendo, não o aprova. Vejo que nossa separação é inevitável. Não posso explicar quanto tenho sofrido. Não sei o que será de mim, e nem vejo remédio para nossa desgraça. Tudo poderão fazer de mim menos arrancar-me do coração este amor que lhe consagro. Adeus, não se esqueça desta infeliz, que, aconteça o que acontecer, há-de amá-lo sempre, sempre.”

Na manhã seguinte Elias mandou-lhe a seguinte resposta:

“Teu pai tem dado a entender claramente que não me quer mais em sua casa. Devo deixar-te e amanhã mesmo estarei longe de ti; este golpe feriu-me cruelmente, mas não me desalenta. Sou pobre, e essa é a razão por que teu pai me despreza. Mas devia lembrar-se que seu moço, e, louvado Deus! Tenho robustez e inteligência, sei trabalhar, e amanhã posso ser rico.

Adeus, Lúcia; não percas a esperança, e ama-me sempre, que para tudo há remédio. Eu vou trabalhar para me tornar digno de ti aos olhos de teu pai.

O teu amor me alenta e me enche de coragem e de confiança em minha estrela. Ah! possas tu nunca faltar-me com ele! Eu parto com o coração ralado de angústia e de saudade. Terás notícias minhas... dentro em dois anos estarei de volta ou... Adeus.”

No dia seguinte Elias seguindo caminho de Bagagem via sumir-se além no horizonte longínquo a fazenda do Major, e sentia como que um véu de luto abafar-lhe o coração, ao passo que aquela aprazível morada, que antes formara as delícias de Lúcia, ia Dora em diante tornar-se para ela um deserto horrendo, um exílio insuportável.





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