O Garimpeiro - Cap. 4: IV- O GARIMPO Pág. 37 / 147

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- Sim, e é de pedra mesmo, ou mais dura do que pedra. O diabo leve quanta cigana há neste mundo, e todas as suas predições.

Nisto os trabalhadores puseram tristemente os seus almocafres ao ombro, pegaram em suas bateias, e se retiraram. Elias e Simão ficaram ainda.

Simão era um velho e magro, mas robusto e bem constituído, de cor bronzeada, e que parecia ser de raça mista de índio e africano. Desde menino fora camarada do pai de Elias, ao qual sempre servira com a maior dedicação e lealdade. O pai de Elias também o estimava e queria como a um verdadeiro amigo, e tendo falecido há quatro ou cinco anos sem poder deixar àquele seu único filho outra herança mais do que uma excelente educação, que infelizmente não pôde concluir, em seus últimos momentos rogou ao velho caboclo, que acompanhasse sempre, que nunca abandonasse a seu filho, que ficava com 17 a 18 anos de idade.

Não era preciso que o velho o rogasse; Simão nunca abandonaria o jovem patrão, a quem na infância carregara nos braços e a quem votava afeição de pai.

Simão era garimpeiro mestre, muito conhecedor de terrenos diamantinos, de que tinha adquirido grande prática na Diamantina, de onde seu defunto patrão e ele mesmo eram naturais, e onde tinham residido nos primeiros tempos de sua vida.

Simão era verdadeiramente um habilíssimo garimpeiro, e parecia que farejava o diamante; mas, infelizmente para o seu jovem amo, para quem somente trabalhava, e para quem desejaria descobrir um tesouro, a sua grande habilidade tinha ficado sempre em falta, o que sumamente o afligia; mas nem assim desesperava.

- É aqui mesmo na Bagagem, meu amo, dizia-lhe ele às vezes, é neste chão mesmo que está enterrada a sua estrela de pedra.

Quando Elias foi para o Patrocínio correr cavalhadas, Simão que vinha com ele, quis ficar na Bagagem.





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