O Garimpeiro - Cap. 4: IV- O GARIMPO Pág. 46 / 147

Daí a alguns dias Elias abraçou chorando seu velho camarada, era o único amigo que deixava na Bagagem! deu-lhe todo o dinheiro que inda lhe restava, e, tirando uma carta da algibeira, entregou-lhe dizendo:

- Esta carta é para Lúcia, Simão; tu mesmo a irás levar em sua casa na fazenda do Major; é um último favor que quero-te merecer. Ninguém lá te conhece, pedirás pousada, e é impossível que despertes a menor suspeita.

Lá procurarás entrega-la ocultamente a uma velha escrava por nome Joana, que a levará fielmente às mãos de Lúcia.

- Vá sossegado, patrão; a carta há-de ser entregue.

A carta de Elias era assim:

“Já lá vão seis meses que nos separamos e que me acho aqui na Bagagem, onde a fortuna me não sorriu. Manda-me agora destino que eu vá tenta-la bem longe daqui, porém com muito melhores esperanças. Parto hoje para o Sincorá. Não te assustes, minha querida, com a distância que vai separar-nos. Em qualquer parte que eu vá, te amarei sempre com o mesmo ardor e lealdade. Falta-me ainda ano e meio para cumprir o meu fadário. Mas não esmoreçamos; conserva-me fiel e puro o teu amor, tua confiança no futuro e na Providência, e o céu nos protegerá. Adeus, até o prazo marcado. ” Daí a um instante Elias, em companhia de seu protetor, partia para o Sincorá.





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