O Garimpeiro - Cap. 7: VII- O SACRIFÍCIO Pág. 60 / 147

Talvez breve, talvez nunca.

- Nunca!... como assim, meu pai?

- Para falar-te com franqueza, isto depende de ti; está em tuas mãos.

- Em minhas mãos?... explique-se meu pai; cada vez o entendo menos.

- Sim; de ti e só de ti depende isso.

- Não posso saber como?

- Senta-te aí e escuta-me; tenho coisas importantes a dizer-te.

A estas palavras Lúcia sentiu um calafrio percorrer-lhe o corpo, e fechar-se-lhe o coração como a um sopro gelado.

Trémula e pálida assentou-se na cama, enquanto seu pai puxava uma cadeira e sentava-se junto dela.

- Minha filha - começou o Major, abaixando cautelosamente a voz, e quase ao ouvido de Lúcia - o que vou dizer-te, quisera poder ocultar-te para sempre; não quereria por nada deste mundo tornar-te mais aflita e triste do que te vejo há certo tempo.

- Pode falar, meu pai; Deus me dará coragem e resignação para tudo, seja qual for a nova desgraça que vem anunciar-me.

- Sim, é uma desgraça, mas que tu, com uma só palavra, podes converter em felicidade para todos nós.

- Deveras, meu pai?... pois explique-se, que da minha parte estou pronta a todo e qualquer sacrifício.

- Em poucas palavras vou dizer-te tudo. Depois que deixamos nossa fazenda para vir especular neste garimpo, os meus negócios têm ido de mal a pior. Tenho-me visto forçado a fazer despesas que não posso comportar, e o rendimento, como terás podido observar, tem sido nenhum. Ultimamente uma sociedade em que tomei parte, não tendo dado resultado algum depois de enormes despesas, acabou de arruinar-me completamente, bem como a quase todos os outros sócios. Minha fazenda e meus escravos chegam apenas para satisfazer aos imensos encargos que contraí nessa malfadada empresa, e ficaremos por portas, se te não resolveres.





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