A Guerra das Gálias - Cap. 7: LIVRO V Pág. 106 / 307

II - Depois de ter regulado estes assuntos e encerrado estas sessões, volta a Gália Citerior e, de lá, parte para o exército (84). Assim que chega, visita todos os quartéis de Inverno, e vê que, não obstante a penúria de todas as coisas, a actividade regular dos soldados bastara para construir cerca de seiscentos navios do modelo que antes descrevemos, e vinte e oito navios longos inteiramente armados (85) e prontos, ou pouco faltando para isso, a serem lançados ao mar dentro de poucos dias. Depois de vivamente ter felicitado os soldados e aqueles que tinham dirigido a obra, explica-lhes o que deles espera e dá-lhes ordem para se reunirem todos no porto de Ício, de onde sabia que o trajecto para a Bretanha é muito cómodo, e que está a cerca de trinta mil passos do continente; deixa o número de tropas que lhe parece necessário para esta operação. No que lhe toca parte com quatro legiões sem bagagens e oitocentos cavaleiros para o país dos Tréviros, porque não vinham às assembleias, não obedeciam às suas ordens e tentavam, diz-se, atrair os Germanos Transrenanos.

III - Este Estado tem a cavalaria mais forte de toda a Gália, possui muitas tropas a pé e está em contacto com o Reno. Neste Estado dois homens disputavam o poder: Induciomaro e Cingétorix (86). O segundo, mal soube da vinda de César e das suas legiões, veio procurá-lo, garantiu-lhe que ele e todos os seus se manteriam no dever e não faltariam à amizade do povo romano, e instruiu-o do que se passava entre os Tréviros. Induciomaro, pelo contrário, pôs-se a alistar cavalaria e infantaria e a preparar a guerra, escondendo aqueles que a idade incapacitava para empunhar armas na floresta das Ardenas, que se alonga por uma imensa extensão, no meio do território dos Tréviros, do Rena às fronteiras dos Remos.





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