O Primo Basílio - Cap. 6: CAPÍTULO VI Pág. 154 / 414

CAPÍTULO VI

Foi Juliana que na manhã seguinte veio acordar Luísa, dizendo à porta da alcova com a voz abafada, em confidência:

- Minha senhora! Minha senhora! É um criado com esta carta; diz que vem do hotel.

Foi abrir uma das janelas, em bicos de pés; e voltando à alcova com uma cautela misteriosa:

- E está à espera da resposta, está à porta.

Luísa, estremunhada, abriu o largo envelope azul com um monograma - dois BB, um púrpura, outro ouro, sob uma coroa de conde.

- Bem, não tem resposta.

- Não tem resposta - foi dizer Juliana ao criado, que esperava encostado ao corrimão, fumando um grande charuto, e cofiando as suíças pretas.

- Não tem resposta? Bem, muito bom dia. - Levou o dedo secamente à aba do coco, e desceu, gingando.

Perfeito homem, foi pensando Juliana, pela escada da cozinha.

- Quem bateu, Sra. Juliana? - perguntou-lhe logo a cozinheira.

Juliana resmungou:

- Ninguém; um recado da modista.

Desde pela manhã a Joana achava-lhe o ar esquisito. Sentira-a desde às sete horas varrer, espanejar, sacudir, lavar as vidraças da sala de jantar, arrumar as louças no aparador. E com uma azáfama! Ouvira-a cantar a Carta adorada, ao mesmo tempo que os canários, nas varandas abertas, chilreavam estridentemente ao sol. Quando veio tomar o seu café à cozinha não palestrou como de costume; parecia preocupada e ausente.

Joana até lhe perguntou:

- Sente-se pior, Sra. Juliana?

- Eu? Graças a Deus, nunca me senti tão bem.

- Como a veio tão calada...

- A malucar cá por dentro... A gente nem sempre está para grulhar.

Apesar de serem nove horas não quisera acordar a senhora. Deixa-a descansar, coitada! - disse. Foi em pontas de pés encher devagarinho a bacia grande do banho,





Os capítulos deste livro