Que, verdade, verdade, enquanto estivesse em Lisboa o romance era agradável, muito excitante; porque era muito completo! Havia adulteriozinho, o incestozinho. Mas aquele episódio agora estragava tudo! Não, realmente, o mais razoável era safar-se!
A sua fortuna tinha sido feita com negócio de borracha, no alto Paraguai; a grandeza da especulação trouxera a formação de uma companhia, com capitais brasileiros; mas Basílio e alguns engenheiros franceses queriam resgatar as ações brasileiras, que eram um empecilho, formar em Paris uma outra companhia, e dar ao negócio um movimento mais ousado. Basílio partira para Lisboa entender-se com alguns brasileiros, e comprara as ações habilmente.
A prolongação daquele incidente amoroso tornava-se uma perturbação na sua vida prática... E, agora que a aventura tomava um aspecto secante, convinha passar o pé!
A porta abriu-se e o Visconde Reinaldo entrou - afogueado, de lunetas azuis, furioso.
Vinha de Benfica! Morto, absolutamente morto com aquele calor, de um país de negros. Tivera a estúpida idéia de ir visitar uma tia - que o fizera logo membro de uma associação para não sei que diabo de que creche, e que lhe pregara moral! Também, que idéia de colegial - ir visitar a tia! Porque realmente, se havia uma coisa que lhe causasse repugnância, eram as ternuras de família!
- E tu, que queres tu? Eu vou-me meter num banho até ao jantar!
- Sabes o que me sucede? - disse Basílio, erguendo-se.
- O quê?
- Imagina. O caso mais estúpido.
- O marido apanhou-te?
- Não, a criada!
- Shocking! - exclamou Reinaldo com nojo.
Basílio contou miudamente "o caso". E cruzando os braços diante dele:
- E agora?
- Agora é safar-te!
E levantou-se.