O Primo Basílio - Cap. 8: CAPÍTULO VIII Pág. 232 / 414

para quê? Para uma daquelas! Antes ter trazido a Alphonsine!

Que, verdade, verdade, enquanto estivesse em Lisboa o romance era agradável, muito excitante; porque era muito completo! Havia adulteriozinho, o incestozinho. Mas aquele episódio agora estragava tudo! Não, realmente, o mais razoável era safar-se!

A sua fortuna tinha sido feita com negócio de borracha, no alto Paraguai; a grandeza da especulação trouxera a formação de uma companhia, com capitais brasileiros; mas Basílio e alguns engenheiros franceses queriam resgatar as ações brasileiras, que eram um empecilho, formar em Paris uma outra companhia, e dar ao negócio um movimento mais ousado. Basílio partira para Lisboa entender-se com alguns brasileiros, e comprara as ações habilmente.

A prolongação daquele incidente amoroso tornava-se uma perturbação na sua vida prática... E, agora que a aventura tomava um aspecto secante, convinha passar o pé!

A porta abriu-se e o Visconde Reinaldo entrou - afogueado, de lunetas azuis, furioso.

Vinha de Benfica! Morto, absolutamente morto com aquele calor, de um país de negros. Tivera a estúpida idéia de ir visitar uma tia - que o fizera logo membro de uma associação para não sei que diabo de que creche, e que lhe pregara moral! Também, que idéia de colegial - ir visitar a tia! Porque realmente, se havia uma coisa que lhe causasse repugnância, eram as ternuras de família!

- E tu, que queres tu? Eu vou-me meter num banho até ao jantar!

- Sabes o que me sucede? - disse Basílio, erguendo-se.

- O quê?

- Imagina. O caso mais estúpido.

- O marido apanhou-te?

- Não, a criada!

- Shocking! - exclamou Reinaldo com nojo.

Basílio contou miudamente "o caso". E cruzando os braços diante dele:

- E agora?

- Agora é safar-te!

E levantou-se.





Os capítulos deste livro