O Primo Basílio - Cap. 8: CAPÍTULO VIII Pág. 236 / 414

Mas leu baixo: "Venha, graves complicações. Presença absolutamente necessária. Parta já".

Dobrou o papel, entregou-lho.

- E partes, hem?

- É forçoso.

- Quando?

- Esta noite.

Luísa ergueu-se bruscamente, e estendendo-lhe a mão:

- Bem, adeus.

Basílio murmurou:

- És cruel, Luísa!... Não importa! Em todo o caso há um negócio que é necessário terminar. Falaste à mulher?

- Está tudo arranjado - respondeu ela, franzindo a testa. Basílio tomou-lhe a mão, e quase com solenidade:

- Minha filha, eu sei que és muito orgulhosa, mas peço-te que digas a verdade. Eu não te quero deixar em dificuldades. Falaste-lhe?

Ela retirou a mão, e com uma impaciência crescente:

- Arranjou-se tudo; arranjou-se tudo!...

Basílio parecia muito embaraçado; estava mesmo um pouco pálido: enfim, tirando uma carteira da algibeira, começou:

- Em todo o caso é possível, é natural (nós não sabemos com quem lidamos), é natural que haja outras exigências... - abriu a carteira, tomou um sobrescrito pequenino e cheio.

Luísa seguia, fazendo-se vermelha, os movimentos de Basílio.

- Por isso, para te poderes entender melhor com ela, sempre me parece bom deixar-te algum dinheiro.

- Tu estás doido? - exclamou ela.

- Mas...

- Tu queres-me dar dinheiro? - A sua voz tremia.

- Mas enfim...

- Adeus! - E ia sair da sala, indignada.

- Luísa, pelo amor de Deus! Tu não me compreendeste...

Ela parou; disse precipitadamente, como impaciente por acabar:

- Compreendi, Basílio, obrigada. Mas não, não é necessário. Estou nervosa, é o que é... Não prolonguemos mais isto... Adeus...

- Mas sabes que volto, dentro de três semanas...

- Bem, então nos veremos...

Ele atraiu-a, deu-lhe um beijo na boca, encontrou os seus lábios passivos e inertes.





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