Era porém inútil lembrar ao Ega este belo plano. Abria um olho vago, respondia:
- Ah, a Revista... Sim, está claro, pensar nisso! Havemos de falar, eu aparecerei...
Mas não aparecia no Ramalhete, nem no consultório; apenas se avistavam, às vezes, em S. Carlos, onde o Ega, todo o tempo que não passava no camarote dos Cohens, vinha invariavelmente refugiar-se no fundo da frisa de Carlos, por trás de Taveira ou do Cruges;
de onde pudesse olhar de vez em quando Rachel Cohen - e ali ficava, silencioso, com a cabeça apoiada ao tabique, repousando e como saturado de felicidade...
O dia (dizia ele) tinha-o todo tomado: andava procurando casa, andava estudando mobílias... Mas era fácil encontrá-lo pelo Chiado e pelo Loreto, a rondar e a farejar - ou então no fundo de tipoias de praça, batendo a meio galope, num espalhafato de aventura.
O seu dandismo requintava; arvorara, com o desplante soberbo de um Brumel, casaca de botões amarelos sobre colete de cetim branco; e Carlos entrando uma manhã cedo no Universal, deu com ele pálido de cólera, a despropositar com um criado, por causa de uns sapatos mal envernizados.