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Capítulo 7: Capítulo 7

Página 164

Aí, logo desde o pátio, rompeu em admirações estáticas, como dentro de um museu, lançando, diante dos tapetes, das faianças e dos quadros, a sua grande frase - «chic a valer!» Carlos levou-o para o fumoir, ele aceitou um charuto; e começou a explicar, de perna traçada, algumas das suas opiniões e alguns dos seus gostos. Considerava Lisboa chinfrim, e só estava bem em Paris - sobre tudo por causa do género «fêmea» de que em Lisboa se passavam fomes: ainda que nesse ponto a Providencia não o tratava mal. Gostava também do bric-à-brac; mas apanhava-se muita espiga, e as cadeiras antigas, por exemplo, não lhe pareciam cómodas para a gente se sentar. A leitura entretinha-o, e ninguém o pilhava sem livros à cabeceira da cama; ultimamente andava às voltas com Daudet, que lhe diziam ser muito chic, mas ele achava-o confusote. Em rapaz perdia sempre as noites, até às quatro ou cinco da madrugada, no delírio! Agora não, estava mudado e pacato; enfim, não dizia que de vez em quando não se abandonasse a um excessozinho; mas só em dias duples... E as suas perguntas foram terríveis. O Sr. Maia achava chic ter um cab inglês? Qual era mais elegante, assim para um rapaz de sociedade que quisesse ir passar o verão lá fora, Nice ou Trouvile?... Depois ao sair, muito sério, quase comovido, perguntou ao sr. Maia (se o sr. Maia não fazia segredo) quem era o seu alfaiate.

E desde esse dia, não o deixou mais. Se Carlos aparecia no teatro, Dâmaso imediatamente arrancava-se da sua cadeira, às vezes na solenidade de uma bela ária, e pisando os botins dos cavalheiros, amarrotando a compostura das damas, abalava, abria destalo a claque, vinha-se instalar na frisa, ao lado de Carlos, com a bochecha corada, camélia na casaca, exibindo os botões de punho que eram duas enormes bolas. Uma ou duas vezes que Carlos entrara casualmente no Grémio, Dâmaso abandonou logo a partida, indiferente à indignação dos parceiros, para se vir colar à ilharga do Maia, oferecer-lhe marrasquino ou charutos, segui-lo de sala em sala como um rafeiro.

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 164

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605