Mas na visita seguinte vinha mais moça, mais brilhante, mais ligeira, com dois grandes galgos brancos, anunciando uma romagem poética à Terra Santa e a todo o remoto Oriente. Ela tinha então quase dezasseis anos: pela sua aplicação, os seus modos doces e graves, ganhara a afeição da Madre Superiora - que às vezes, olhando-a com tristeza, acariciando-lhe o cabelo caído em duas tranças segundo a regra, lhe mostrava o desejo de a conservar sempre ao seu lado. Le monde, dizia ela, ne vous sera bon à rien, mon enfant!... Um dia, porém, apareceu para a levar para Paris, para a mamã, uma Madame de Chavigny, fidalga pobre, de caracóis brancos, que era como uma estampa de severidade e de virtude.
O que ela chorara ao deixar o convento! Mais choraria se soubesse o que ia encontrar em Paris!
A casa da mamã, no Parc Monceaux, era na realidade uma casa de jogo - mas recoberta de um luxo sério e fino. Os escudeiros tinham meias de seda; os convidados, com grandes nomes no Nobiliário de França, conversavam de corridas, das Tulherias, dos discursos do Senado; e as mesas de jogo armavam-se depois como uma distracção mais picante. Ela recolhia sempre ao seu quarto às dez horas: Madame de Chavigny, que ficara como sua dama de companhia, ia com ela cedo ao Bois num coupé estufo de douairière.
Pouco a pouco, porém, este grande verniz começou a estalar. A pobre mamã caíra sob o jugo de um Mr. de Trevernes, homem perigoso pela sua sedução pessoal e por uma desoladora falta de honra e de senso. A casa descaiu rapidamente numa boémia mal dourada e ruidosa.