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Capítulo 15: Capítulo 15

Página 444
Quando ela madrugava, com os seus hábitos saudáveis do convento, encontrava paletós de homens por cima dos sofás: no mármore das consoles restavam pontas de charuto entre nódoas de champagne; e nalgum quarto mais retirado ainda tinia o dinheiro de um bacará talhado à claridade do sol. Depois uma noite, estando deitada, sentira de repente gritos, uma debandada brusca na escada; veio encontrar a mamã estirada no tapete, desmaiada; ela dissera-lhe apenas mais tarde, alagada em lágrimas, «que tinha havido uma desgraça»...

Mudaram então para um terceiro andar da Chaussée-d'Antin. Aí começou a aparecer uma gente desconhecida e suspeita. Eram Valachos de grandes bigodes, Peruanos com diamantes falsos, e condes romanos que escondiam para dentro das mangas os punhos enxovalhados... Por vezes entre esta malta vinha algum gentleman que não tirava o paletó, como num café-concerto. Um desses foi um irlandês, muito moço, Mac-Gren... Madame de Champigny deixara-as desde que faltara o coupé severo, acolchoado de cetim; e ela, só com a mãe, insensivelmente, fatalmente, fora-se misturando a essa vida tresnoitada de grogs e de bacará.

A mamã chamava a Mac-Gren o «bebé». Era com efeito uma criança estouvada e feliz. Namorara-se dela logo com o ardor, a efusão, o ímpeto de um irlandês; e prometeu-lhe fazê-la sua esposa apenas se emancipasse - porque Mac-Gren, menor ainda, vivia sobretudo das liberalidades de uma avó excêntrica e rica que o adorava, e que habitava a Provença numa vasta quinta onde tinha feras em jaulas... E no entanto induzia-a sem cessar a fugir com ele, desesperado de a ver entre aqueles Valachos que cheiravam a genebra.

O seu desejo era levá-la para Fontainebleau, para um cotage com trepadeiras de que falava sempre, e esperar aí tranquilamente a maioridade que lhe traria duas mil libras de renda. Decerto, era uma situação falsa: mas preferível a permanecer naquele meio depravado e brutal onde ela a cada instante corava... A esse tempo a mamã parcela ir perdendo todo o senso, desarranjada de nervos, quase irresponsável.

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pág. 444 (Capítulo 15)

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 444

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605