Os Maias - Cap. 15: Capítulo 15 Pág. 479 / 630

Tinham-lhe anunciado a partida, depois a chegada, com palavras de amizade particularmente bem escolhidas. Nem podia deixar de ser, dada esta afeição sincera que liga Portugal e a Finlândia... «Mais enfin on avait été charmant, charmant!...»

- Seulement- ajuntou ele, sorrindo com finura e voltando-se também para o Gouvarinho - on a fait une petite erreur... On a dit que j'étais venu de Southampton par le Royal Mail... Ce n'est pas vrai, non! Je me suis embarqué à Bordeaux dans les Messageries. J'ai même pensé à écrire à Mr. Pinto, redacteur de la Gazete, qui est un charmant garçon... Puis, j'ai reflechi, je me suis dit: «Mon Dieu, on va croire que je veux doner une leçon d'exactitude à la Gazete c'est très grave... » Alors, voilà, très prudement, j'ai gardé le silence...

Mais enfin c'est une erreur: je me suis embarqué à Bordeaux.

Ega murmurou que a História se encarregaria um dia de rectificar esse facto. O ministro sorria modestamente, fazendo um gesto em que parecia desejar, por polidez, que a História se não incomodasse. E então o Gouvarinho, que acendera o charuto, espreitara outra vez o relógio, perguntou se os amigos tinham ouvido alguma coisa do ministério e da crise.

Foi uma surpresa para ambos, que não tinham lido os jornais... Mas, exclamou logo o Ega, crise porquê, assim em pleno remanso, com as câmaras fechadas, tudo contente, um tão lindo tempo de outono?

O Gouvarinho encolheu os ombros com reserva. Houvera na véspera, à noitinha, uma reunião de ministros; nessa manhã o presidente do conselho fora ao paço, fardado, determinado a «largar o poder»... Não sabia mais. Não conferenciara com os seus amigos, nem mesmo fora ao seu Centro. Como noutras ocasiões de crise, conservara-se retirado, calado, esperando... Ali estivera toda a manhã, com o seu charuto, e a Revista dos Dois Mundos.

Isto parecia a Carlos uma abstenção pouco patriótica...

- Porque enfim, Gouvarinho, se os seus amigos subirem...

- Exactamente por isso, acudiu o conde com uma cor viva na face, não desejo pôr-me em evidência... Tenho o meu orgulho, talvez motivos para o ter... Se a minha experiência, a minha palavra, o meu nome são necessários, os meus correligionários sabem onde eu estou, venham pedir-mos...





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