A Década Perdida - Cap. 1: O PRIMEIRO DE MAIO Pág. 7 / 182

- Para ti isso é fácil de dizer - começou Gordon com os olhos a ficarem pequeninos, - Tens todo o dinheiro deste mundo.

- Nem por sombras! A minha família controla-me todas as despesas. Lá porque tenho algumas facilidades ainda preciso de ser mais cuidadoso para não abusar.

Levantou a persiana deixando entrar mais sol.

- Deus sabe que não sou nenhum pedante - continuou resolutamente. - Gosto de me divertir e então numas férias como estas gosto de me divertir muito; tu estás muito por baixo, nunca te tinha ouvido falar assim. Dá a impressão que estás falido, tanto moral como financeiramente.

- No geral as duas coisas andam juntas, não é? Dean abanou a cabeça com impaciência.

- Estás com um ar que não entendo bem. É uma espécie de perversidade.

- É um ar de preocupações e de pobreza e de noites sem dormir - disse Gordon em tom de desafio.

- Não sei.

- Admito que estou deprimente. Até me deprimo a mim próprio. Mas, santo Deus, Phil, uma semana de descanso, um fato novo e algum dinheiro e ficarei como... como era. Phil, sei desenhar muito bem e tu sabe-lo. Mas metade do tempo não tenho tido dinheiro para comprar material de desenho decente, e não posso desenhar quando estou cansado e desanimado, quando ando em baixo. Com algum dinheiro posso tirar umas semanas de férias e começar de novo.

- Como sabes que não irias gastá-lo com qualquer outra mulher?

- Para que hás-de estar a repisar? - disse Gordon calmamente.

- Não estou a repisar. Detesto ver-te nesse estado.

- Emprestas-me o dinheiro, Phil?

- Não posso decidir já. É muito dinheiro e faz-me o maior transtorno.

- Vai ser uma desgraça se não mo emprestares; sei que estou a lamentar-me e tudo é apenas culpa minha, mas isso não altera nada.





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