Num súbito movimento de medo ou de determinação, John carregou no botão ao lado da cama e logo se viu sentado na banheira verde do compartimento contíguo, já bem acordado pelo choque da água fria que a enchia.
Levantou-se de um salto e, com o pijama molhado espalhando atrás de si um grande rasto de água, correu para a porta verde-azulada que dava para o patamar em marfim do segundo andar. A porta abriu-se silenciosa. Uma única luz carmesim na grande cúpula lá de cima iluminava o magnífico lance da escadaria num cenário de beleza avassaladora. Por um instante John hesitou, subjugado pelo esplendor silencioso à sua volta, parecendo envolver nas suas ondulações e contornos gigantescos a pequena figura solitária, tremendo no patamar de marfim. Então duas coisas aconteceram simultaneamente. A porta da sua sala de estar abriu-se precipitando no patamar três negros nus e, enquanto John se lançava, louco de terror, pelas escadas, outra porta se abriu no outro lado do corredor e John viu Braddock Washington em pé no elevador iluminado, vestido com um casaco de peles e botas de montar que lhe chegavam aos joelhos e deixavam ver, por cima, o brilho do seu pijama cor-de-rosa.
No mesmo instante os três negros - John nunca vira nenhum deles e passou-lhe pela ideia que deviam ser os carrascos profissionais - interromperam o seu movimento em direcção a John e voltaram-se, na expectativa, para o homem no elevador que trovejou uma ordem imperiosa:
- Entrem para aqui! Todos três! E rapidamente! Então, no mesmo instante, os três negros meteram-se no elevador, o rectângulo de luz desapareceu quando a porta se fechou, e John viu-se de novo sozinho no patamar.