O apelo da floresta - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 79 / 99

A sua espessa pelagem brilhava com o esplendor da seda. Pelo pescoço abaixo e sobre as espáduas, a juba, embora em repouso, conservava-se meio erguida e parecia eriçar-se a cada movimento, como se o excesso de vigor tornasse cada pêlo vivo e activo. O peito amplo e as poderosas mãos estavam em proporção com o resto do corpo, onde os músculos se salientavam em rolos compactos debaixo da pele. Alguns dos homens apalparam-lhe os músculos e proclamaram-nos rijos como ferro, e as apostas desceram de dois contra um.

— Caramba, homem! Caramba, homem! — disse, gaguejando, um membro da última dinastia, um «rei» de Skookum Benches.

— Ofereço-lhe por ele oitocentos dólares, já, homem, antes da prova, homem; oitocentos por ele, tal como está.

Thornton abanou negativamente a cabeça e foi colocar-se ao lado de Buck.

— Tem de se afastar dele — protestou Mathewson. — Jogo limpo e espaço de sobejo.

A multidão fez silêncio; apenas se ouviam as vozes dos jogadores oferecendo em vão dois contra um. Todos reconheciam ser Buck um animal magnífico, mas vinte sacos de vinte e cinco quilos de farinha formavam um volume grande de mais aos seus olhos para os convencer a alargarem os cordões às suas bolsas.

Thornton ajoelhou-se junto de Buck. Pegou-lhe na cabeça com as duas mãos e encostou-lhe a cara ao focinho. Não o abanou, como costumava fazer, nem lhe sussurrou ternas pragas de amor; mas segredou-lhe qualquer coisa ao ouvido.

— Por amor de mim, Buck. Por amor de mim — foi o que ele lhe segredou, e Buck ganiu de ânsia reprimida.





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