O Retrato de Dorian Gray - Cap. 7: Capítulo 7 Pág. 116 / 335

Não é verdade, Basil, que fiz bem em procurar o meu amor na poesia e em ir buscar a minha esposa às peças de Shakespeare? Os lábios que Shakespeare ensinou a falar murmuraram o seu segredo aos meus ouvidos! Tive os braços de Rosalinda enlaçados em mim e beijei Julieta na boca!

- Sim, Dorian, parece-me que fez bem - disse Hallward, lentamente.

- Viu-a hoje? - perguntou Lord Henry. Dorian Gray meneou a cabeça.

- Deixei-a na floresta de Arden, encontrá-la-ei num pomar em Verona.

Lord Henry sorvia o champanhe pensativamente.

- Em que ponto particular pronunciou você a palavra casamento, Dorian? E que respondeu ela? Talvez você se tenha esquecido de todos esses pormenores...

- Meu caro Henry, eu não tratei este assunto como uma transacção comercial e não fiz proposta formal. Disse-lhe que a amava, e ela disse-me que não era digna de ser minha mulher. Não era digna! Ora essa, o mundo inteiro nada é para mim comparado com ela!

- As mulheres são prodigiosamente práticas - murmurou Lord Henry -, muito mais práticas do que nós. Em situações análogas, nós esquecemo-nos muitas vezes de falar de casamento, e são sempre elas que no-lo lembram.

Hallward pousou-lhe a mão no braço.





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