O Retrato de Dorian Gray - Cap. 7: Capítulo 7 Pág. 115 / 335

O cabelo emoldurava-lhe o rosto como folhas escuras em volta duma rosa pálida. E, quanto à sua maneira de representar... bem, vocês vão vê-la logo. É simplesmente uma artista de raça. Eu estava absolutamente arroubado. Esqueci-me de que estava em Londres no século XIX. Achava-me longe com o meu amor, numa floresta que nenhum homem jamais vira. Terminado o espectáculo, fui aos bastidores e falei-lhe. Quando estávamos os dois sentados ao pé um do outro, vi-lhe de súbito nos olhos uma expressão que até então nunca lhe conhecera. Os meus lábios chegaram-se aos dela. Beijámo-nos. Não lhes posso descrever o que nesse momento senti. Pareceu-me que toda a minha vida se concentrara num perfeito ponto de alegria cor-de-rosa. Ela tremia dos pés à cabeça e vibrava como um narciso branco. Então pôs-se de joelhos e beijou-me as mãos. Sinto que não lhes deveria contar tudo isto, mas não posso deixar de o fazer. É claro que o nosso noivado é absolutamente secreto. Ela nem sequer à mãe o disse. Ignoro o que dirão os meus tutores. Lord Radley vai com certeza ficar furioso. Deixá-lo. Daqui a menos dum ano atinjo a maioridade e então farei o que me aprouver.




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