O Retrato de Dorian Gray - Cap. 13: Capítulo 13 Pág. 226 / 335

- Não, vou passar seis meses fora de Inglaterra. Tenciono arranjar um atelier em Paris e fechar-me aí até concluir um grande quadro que tenho na cabeça. Não era, porém, a meu respeito que eu desejava falar-lhe. Eis-nos à sua porta. Deixe-me entrar por um momento. Tenho alguma coisa a dizer-lhe.

- Com muito prazer. Mas não vai perder o comboio? - disse Dorian Gray, languidamente, ao abrir a porta de casa.

À luz do candeeiro, que se debatia com o nevoeiro, Hallward consultou o relógio e respondeu:

- Tenho tempo de sobra; o comboio não parte antes das zero e quinze, e são apenas onze. Na verdade, eu ia ao clube procurá-lo, quando o encontrei. Vê, não tenho de me demorar por causa da bagagem, pois já mandei adiante as coisas pesadas. Comigo só levo esta maleta, e vinte minutos chegam-me perfeitamente para ir daqui à estação.

Dorian olhou para ele e sorriu.

- Que maneira de viajar para um pintor da moda! Uma maleta Gladstone e um sobretudo! Entre, senão o nevoeiro invade a casa. E tenha cuidado, não me fale de coisas sérias! Hoje nada é sério. Pelo menos nada o devia ser.

Hallward, entretanto, meneou a cabeça e seguiu Dorian até à biblioteca.





Os capítulos deste livro