O Retrato de Dorian Gray - Cap. 16: Capítulo 16 Pág. 274 / 335

Utilizava um prefixo aliterante como ornato de oratória. Alçava a Union Jack aos pináculos do Pensamento. A estupidez hereditária da raça - como ele jovialmente denominava o senso comum inglês - era para ele o verdadeiro baluarte da Sociedade.

Aflorou um sorriso aos lábios de Lord Henry, que se voltou e olhou para Dorian Gray.

- Está melhor, meu caro amigo? - perguntou. - Ao jantar parecia indisposto.

- Estou perfeitamente, Henry. Um bocado cansado. Nada mais.

- Estava encantador a noite passada. A duquesinha é-lhe dedicadíssima. Disse-me que vai para Selby.

- Prometeu vir no dia vinte.

- E o Monmouth também vem?

- Oh, também, Henry.

- Aborrece-me medonhamente, quase tanto como à esposa. Ela é muito inteligente; para mulher é inteligente demais. Falta-lhe o indefinível encanto da fraqueza. O que valoriza o oiro da estátua são os pés de barro. Os pés dela são bonitos, mas não são de barro. De porcelana branca, se quer. Passaram pelo fogo, e o fogo endurece aquilo que não destrói. Ela tem tido as suas experiências...

- Há quanto tempo está ela casada?

- Diz ela que há uma eternidade. A calcular pelo pariato, deve estar casada há uns dez anos, mas dez anos com Monmouth devem ser alguma coisa como uma eternidade. Quem mais vem?





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