O Retrato de Dorian Gray - Cap. 19: Capítulo 19 Pág. 305 / 335

- Deus do céu! Feri um batedor! - exclamou Sir Geoffrey. - Que burro! Ir pôr-se mesmo em frente das espingardas! Ninguém dispare! - bradou, o mais alto que pôde. - Está um homem ferido.

O chefe dos guardas acudiu com um pau na mão. - Onde, senhor? Onde está? - inquiriu.

Ao mesmo tempo cessou o fogo em toda a linha.

- Aqui - respondeu Sir Geoffrey, irado, correndo para os amieiros. - Porque não tem os seus homens lá na retaguarda? Estragou-me a caçada para todo o dia.

Dorian seguiu-os com os olhos. Viu-os embrenhar-se na espessura dos amieiros, desviando os ramos. Passados uns momentos, reapareceram, arrastando um corpo. Voltou-se, horrorizado. Parecia-lhe que, para onde quer que fosse, a desgraça o seguia. Ouviu Sir Geoffrey perguntar se o homem estava realmente morto e a resposta afirmativa do guarda. Pareceu-lhe que o bosque se tornava de repente vivo e se povoava de caras. Ouvia o tropear de milhares de pés e o surdo zumbido de vozes. Através dos ramos sobranceiros surgiu um grande faisão de peito cobreado.

Passados uns momentos, que, na perturbação em que se encontrava, foram para ele como horas intermináveis de dor, sentiu uma mão pousar-lhe no ombro. Estremeceu e olhou em roda.





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