- Dorian Gray? É assim que ele se chama? - perguntou Lord Henry, aproximando-se de Basil. - É. Não lho queria dizer.
- Mas porquê?
- Oh, não posso explicar. Eu nunca revelo os nomes das pessoas de quem gosto imenso. É como que entregar uma parte delas. Amo o segredo. Parece-me ser a única coisa que nos pode tornar a vida moderna misteriosa ou maravilhosa. Só com o ocultá-la tornamos deliciosa a coisa mais banal. Quando me ausento da cidade, nunca digo para onde vou. Se o dissesse, lá se me ia todo o prazer. Será uma tolice, será; mas é um hábito que me parece introduzir na nossa vida o seu quê de romance. Acha, decerto, disparatado o que lhe estou dizendo.
- Nada disso - retorquiu Lord Henry - nada disso, meu caro Basil. Parece-me que você se esquece de que sou casado, e o único encanto do casamento é o tornar absolutamente necessária uma vida de engano mútuo.