O Retrato de Dorian Gray - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 81 / 335

- Dir-lho-ei para outra vez. Agora quero saber tudo acerca da rapariga.

- Da Sibyl? Oh, era tão tímida, tão gentil. Tinha o seu quê de criança. Arregalou os olhos, num grande espanto, quando lhe disse o que pensava da sua maneira de representar, e pareceu-me absolutamente inconsciente dos seus méritos. Creio que estávamos ambos bastante nervosos. O velho judeu esperava à porta do poeirento camarim, fazendo a nosso respeito complicados discursos, enquanto nós, como duas crianças, nos quedávamos a olhar um para o outro. Ele insistia em me chamar «My Lord» e por isso eu tive de garantir à Sibyl que não era nada disso. Ela disse-me com a maior simplicidade: «O senhor parece antes um príncipe. Devo chamar-lhe Príncipe Encantador».

- Palavra de honra, Dorian, Miss Sibyl sabe dizer amabilidades.

- Você não compreende, Henry. Ela considerava-me apenas uma personagem duma peça. Nada sabe da vida. Mora com a mãe, uma mulher já gasta, que na primeira noite fazia de Lady Capuleto, embrulhada num roupão vermelho, e dá a impressão de ter conhecido melhores dias.

- Sei que impressão é essa. Deprime-me - murmurou Lord Henry, examinando os anéis.

- O judeu quis contar-me a história dela, mas eu disse-lhe que me não interessava.





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