- Sibyl é a única coisa que me interessa. Que me importa saber donde ela veio? Desde a pequenina cabeça até os pequeninos pés, ela é absoluta e inteiramente divina. Todas as noites lá vou vê-la representar, e, de noite para noite, mais maravilhosa se me afigura.
- É esse então o motivo por que você agora nunca janta comigo. Pensava que se andava enredando em algum curioso romance. E assim é, de facto, mas não é bem o que eu esperava.
- Meu caro Henry, nós todos os dias almoçamos ou ceamos juntos, e tenho ido muitas vezes consigo à Ópera - disse Dorian, arregalando os olhos azuis .
-. - Vem sempre medonhamente tarde.
- Bem, não posso deixar de ir ver a Sibyl representar - exclamou ele - ainda que não seja senão um acto. Tenho fome da sua presença; e, quando penso na admirável alma que se oculta naquele corpinho de marfim, fico tomado de respeito.
- Pode jantar hoje comigo, Dorian, não?
- Hoje é ela Imogénia - respondeu -, e amanhã será Julieta.
- E quando é ela Sibyl Vane?
- Nunca!
- Felicito-o.
- Você é horrível! Ela concentra em si todas as grandes heroínas do mundo. É mais do que um indivíduo. Você ri-se, mas afirmo-lhe que ela tem génio. Amo-a e hei-de fazer com que ela me tenha amor.