O Retrato de Dorian Gray - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 82 / 335

- Fez muito bem. Há sempre alguma coisa mesquinha nas tragédias alheias.

- Sibyl é a única coisa que me interessa. Que me importa saber donde ela veio? Desde a pequenina cabeça até os pequeninos pés, ela é absoluta e inteiramente divina. Todas as noites lá vou vê-la representar, e, de noite para noite, mais maravilhosa se me afigura.

- É esse então o motivo por que você agora nunca janta comigo. Pensava que se andava enredando em algum curioso romance. E assim é, de facto, mas não é bem o que eu esperava.

- Meu caro Henry, nós todos os dias almoçamos ou ceamos juntos, e tenho ido muitas vezes consigo à Ópera - disse Dorian, arregalando os olhos azuis .

-. - Vem sempre medonhamente tarde.

- Bem, não posso deixar de ir ver a Sibyl representar - exclamou ele - ainda que não seja senão um acto. Tenho fome da sua presença; e, quando penso na admirável alma que se oculta naquele corpinho de marfim, fico tomado de respeito.

- Pode jantar hoje comigo, Dorian, não?

- Hoje é ela Imogénia - respondeu -, e amanhã será Julieta.

- E quando é ela Sibyl Vane?

- Nunca!

- Felicito-o.

- Você é horrível! Ela concentra em si todas as grandes heroínas do mundo. É mais do que um indivíduo. Você ri-se, mas afirmo-lhe que ela tem génio. Amo-a e hei-de fazer com que ela me tenha amor.





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