O Retrato de Dorian Gray - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 83 / 335

Você, que conhece todos os segredos da vida, diga-me o que hei-de fazer para levar Sibyl Vane a amar-me! Quero que Romeu tenha ciúmes de mim. Quero que todos os amantes mortos ouçam as nossas risadas e com elas se entristeçam. Quero que um sopro da nossa paixão lhes reanime o pó em que jazem desfeitos, lhes desperte as cinzas para de novo sofrerem. Deus meu, Henry, como eu a adoro!

Andava para lá e para cá ao mesmo tempo que falava.

Nas faces ardiam-lhe manchas encarnadas de febre. Achava-se numa excitação terrível.

Lord Henry examinava-o com uma subtil sensação de prazer. Que diferente ele agora era do rapaz tímido e assustadiço que encontrara no atelier de Basil Hallward! A sua natureza desenvolvera-se como uma flor, desabrochara em pétalas escarlates. A sua alma irrompera do seu secreto esconderijo e o Desejo viera-lhe ao encontro.

- E que tenciona fazer? - perguntou, por fim, Lord Henry.

- Quero que você e o Basil venham comigo uma noite vê-la representar. Não tenho o mínimo receio do resultado. Tenho a certeza de que lhe hão-de reconhecer o génio. Depois temos de a arrancar das mãos do judeu. Ela tem com ele um contrato por três anos, pelo menos dois anos e oito meses. Claro está que terei de lhe pagar alguma coisa. Quando tudo estiver combinado, alugo um teatro no East End e levo-a para lá. Enlouquecerá o mundo como me enlouqueceu a mim.





Os capítulos deste livro