A República - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 10 / 290

— Excepto talvez, Polemarco, para fazer uso do dinheiro; quando é preciso, por exemplo, comprar ou vender um cavalo com fundos comuns, creio que então é o alquilador, não é verdade?

— Assim parece.

— E, quando se trata de um navio, é o construtor ou o piloto?

— Aparentemente.

— Em qual destes casos, então, em que é preciso utilizar dinheiro ou ouro em comum, o justo é um associado mais útil que os outros?

— No caso de um depósito que se quer em segurança, Sócrates.

— Isso não quer dizer: quando não nos servimos do dinheiro e o deixamos imobilizado?

— Sem dúvida.

— Portanto, quando o dinheiro se torna inútil, é então que, relativamente a ele, a justiça é útil?

— Receio que sim.

— E, quando é preciso guardar uma podoa, a justiça é útil tanto do ponto de vista comum como particular; mas, quando é preciso servir-se dela, é a arte de cultivar a vinha?

— Assim parece.

— Afirmarás, portanto, que, quando se trata de guardar um escudo e uma lira e não servir-se deles, a justiça é útil; mas, quando se trata de servir-se deles, é a arte do hoplita e do músico.

—Necessariamente.

— E, no que se refere a todas as outras coisas, a justiça é inútil quando serve, útil quando não serve?

— Receio que sim.





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