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Capítulo 6: TUMAI DOS ELEFANTES

Página 132
O orvalho, caindo das árvores sobranceiras, salpicava com chuva os dorsos invisíveis, e começou um ruído cavo e retumbante, pouco forte a princípio, sem que Tumai Pequeno soubesse o que fosse,; mas foi aumentando gradualmente até que Cala Nague ergueu uma pata dianteira, depois outra, e bateu-as no chão - um-dois, um-dois, com a regularidade de martinetes. Os elefantes estavam agora a bater o chão ao mesmo tempo e o som era o de um tambor de guerra tocado à entrada de uma caverna. O orvalho caía das árvores até mais não, o ribombo continuava, o chão estremecia e Tumai Pequeno levou as mãos aos ouvidos, para não enlouquecer. Mas este martelar de centenas de pesadas patas sobre a terra nua era uma gigantesca vibração que lhe percorria o corpo. Uma ou duas vezes sentiu que Cala Nague e todos os demais davam alguns passos para a frente e a pancada transformava-se no som característico de hortaliças suculentas a serem esmagadas, embora um ou dois minutos depois o frémito de patas sobre a terra dura recomeçasse. Algures, perto dele, uma árvore estalava e gemia. Estendeu e apalpou a casca, mas Cala Nague avançou sempre a calcar e ele não sabia dizer em que ponto da clareira se encontrava. Por momentos os elefantes não produziram qualquer ruído a não ser quando dois ou três mais novos chiaram ao mesmo tempo. A seguir ouviu-se uma pancada e um reboliço e o ribombo continuou. Isto deve ter durado duas horas completas, e Tumai Pequeno sentia o corpo todo dorido, mas, pelo cheiro do ar da noite, percebeu que se aproximava a aurora.

Rompeu a manhã em mancha de amarelo pálido por detrás das colinas verdes e o tropel terminou com o primeiro raio de luz, como se a luz fosse um comando. Antes que Tumai Pequeno se visse livre do zumbido na cabeça, ainda antes de ter mudado de posição, a não ser Cala Nague, Pudmini e o bicho das escoriações da corda, não se via um único elefante nem sussurro cicio ou pelas encostas que indicasse para onde os outros tinham seguido.

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Capa do livro O Livro da Selva
Páginas: 158
Página atual: 132

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
OS IRMÃOS DE MÁUGLI 1
A CAÇADA DE CÁ 24
TIGRE! TIGRE! 53
A FOCA BRANCA 74
RÍQUI -TÍQUI -TÁVI 97
TUMAI DOS ELEFANTES 115
SERVIDORES DE SUA MAJESTADE 138