Eu sentia-me cada vez mais zangado. Havia algo muito irritante e agressivo no comportamento de Summerlee.
- Parece-me que se soubesse mais sobre os factos talvez a sua opinião fosse menos positiva - declarei eu.
Summerlee tirou o cachimbo da boca e fixou-me com um olhar gélido.
- Por favor, explique-me o que quer dizer com essa observação de certa forma impertinente?
- Quero dizer que, quando vinha a sair do jornal, o chefe de redacção disse-me que tinha chegado um telegrama a confirmar a doença generalizada dos nativos de Sumatra, e acrescentando que os faróis não tinham sido acesos no Estreito de Sunda.
- Francamente, devia haver limites para a loucura humana! - exclamou Summerlee, numa fúria evidente. - Será possível que não se dão conta de que o éter, se adoptarmos por um momento a absurda suposição de Challenger, é uma substância universal que é igual aqui e do outro lado do mundo? Supõem por um instante que existe um éter inglês e um éter da Sumatra? Talvez imaginem que o éter de Kent é de alguma forma superior ao éter do Surrey, através do qual este comboio nos leva neste preciso momento. Na verdade, não há limites para a credulidade e ignorância do leigo médio. É concebível que o éter em Sumatra seja tão mortífero que provoque insensibilidade total no preciso momento em que o éter aqui não teve qualquer efeito apreciável sobre nós? Pessoalmente, posso dizer com toda a verdade que nunca me senti mais forte de corpo nem mais equilibrado de mente em toda a minha vida.