Tinha aberto a boca para lhe dar uma resposta inflamada quando Lorde John se adiantou a mim.
- Uma vez, o senhor teve uma contenda com o velho Challenger - disse ele, severamente -, e foi arrumado em dez segundos. Parece-me, professor Summerlee, que ele está para além da nossa classe, e o melhor que tem a fazer é passar ao largo e deixá-lo em paz.
- Para além do mais - acrescentei eu -, ele tem sido um bom amigo de todos nós. Sejam quais forem os seus defeitos, ele é recto como uma linha, e não acredito que alguma vez fale mal dos seus companheiros nas costas deles.
- Bem dito, meu rapaz e jovem amigo - disse Lorde Roxton.
Depois, com um sorriso benigno, deu uma palmada no ombro do professor Summerlee. - Então, Professor, não vamos discutir a esta hora do dia. Já vimos muitas coisas juntos. Mas tenha cuidado quando falar de Challenger, pois este jovem amigo e eu temos uma pequena fraqueza pelo velho amigo.
Mas Summerlee não estava com disposição para fazer acordos. Tinha o rosto tenso de rígida desaprovação, e novelos densos de fumo zangado subiram do cachimbo.
- Quanto ao senhor, Lorde John Roxton - guinchou ele -, a sua opinião sobre um assunto de ciência tem tanto valor a meus olhos como as minhas opiniões sobre um novo tipo de espingarda teriam aos seus. Eu posso fazer as minhas próprias avaliações, meu caro, e usá-las como achar melhor. Só porque me enganei uma vez, será isso motivo para ter de aceitar sem crítica tudo o que esse homem decida afirmar, por muito rebuscado que possa ser? Vamos ter um papa da ciência, com decretos infalíveis apresentados ex cathedra, e aceites sem questão por um pobre e humilde público? Digo-lhe, meu caro, que tenho um cérebro muito meu e que me sentiria um snobe e um escravo se não o usasse. Se lhe apetece acreditar nesta história sem nexo sobre éter e linhas de Frauenhofer no espectro, faça o favor de acreditar, mas não peça a uma pessoa que é mais velha e mais sensata do que o senhor para partilhar a sua loucura.