Muito paciente era o inspector que ficara na carruagem, pois só regressei bastante tempo depois. O seu rosto ensombrou-se quando lhe mostrei o cofre vazio.
- Lá se vai a recompensa - disse tristemente. - Sem dinheiro não há recompensa. O trabalho desta noite teria valido umas dez libras para cada um, Sam Brown e eu, se o tesouro ai estivesse.
- O Sr. Thaddeus Sholto é um homem muito rico disse eu. - Providenciaremos para que sejam recompensados, com ou sem tesouro.
O inspector, porém, abanou a cabeça desconsoladamente.
- A coisa correu mal - insistiu. - E o Sr. Athelney Jones também vai achar o mesmo.
Verificou-se que a sua previsão fora correcta, pois o detective ficou pasmado quando, em Baker Street, lhe mostrei o cofre vazio. Ele, Holmes e o prisioneiro acabavam de chegar, pois tinham mudado de ideias e decidido não passar primeiro pela esquadra para participar a ocorrência. O meu companheiro instalou-se na cadeira de braços, com a sua habitual expressão de indiferença, e Small sentou-se imperturbavelmente à sua frente, com a perna de pau assente sobre a outra. Quando mostrei o cofre vazio, recostou-se na cadeira e desatou a rir.
- Isto é obra sua, Small - disse Athelney Jones, irritado.
- Sim, escondi-o num sítio onde nunca lhe porão as mãos - afirmou exultantemente. - O tesouro é meu, e se não posso ficar com ele também ninguém há-de ficar. Digo-lhe que nenhum homem vivo tem direito a ele, a não ser eu e três homens que estão presos em Andamão. Sei que nem eu nem eles vamos poder usá-lo. Tudo o que fiz fi-lo tanto por eles quanto por mim. O sinal dos quatro esteve sempre presente.