- Está a intrujar-nos, Small - disse Athelney Jones, com ar carrancudo. - Se quisesse atirar o tesouro ao Tamisa, era mais fácil atirar o cofre e tudo.
- Mais fácil para mim atirá-lo e mais fácil para vocês irem lá buscá-lo - retorquiu, olhando de lado maliciosamente. - Um homem suficientemente esperto para me apanhar também era suficientemente esperto para tirar uma caixa de ferro do fundo do rio. Agora que ficou tudo espalhado num espaço de mais ou menos oito quilómetros vai ser difícil. Custou-me fazê-lo. Fiquei desvairado quando começaram a perseguir-nos. Mas agora não vale a pena estar com lamentações. Já tive muitos altos e baixos na vida, mas aprendi que não vale a pena chorar sobre leite derramado.
- Trata-se de um assunto muito sério, Small – disse o detective. - Se tivesse colaborado com a justiça, em vez de a impedir desta maneira, poderia ter melhor sorte no seu julgamento.
- Justiça! - resmungou o ex-condenado . - Uma linda justiça! A quem pertence o tesouro, senão a nós? Onde está a justiça se eu desistir dele a favor de quem nunca o mereceu? Vejam como eu o mereço! Vinte longos anos. naquele atoleiro de febres, todo o dia a trabalhar nos pântanos, toda a noite fechado nas barracas imundas dos condenados, mordido por mosquitos, atormentado por sezões, maltratado por todos os malditos polícias pretos que gostam de se vingar dos brancos. É por isso que mereço o tesouro de Agra.