O Sinal dos Quatro - Cap. 4: 4 - A História do Homem Calvo Pág. 30 / 133

Quando me inclinei sobre ele verifiquei, horrorizado, que estava morto.»

»«Fiquei sentado, durante muito tempo, sem saber o que fazer. Claro que o meu primeiro impulso foi pedir auxílio; mas logo me apercebi que provavelmente me acusariam de assassínio. A morte dele a meio de uma discussão e o golpe na cabeça serviriam para me incriminar, Além disso, uma investigação oficial traria à luz alguns factos acerca do tesouro; que eu queria, acima de tudo, manter em segredo. Ele dissera-me que ninguém sabia do seu paradeiro. Não parecia ser necessário que alguém viesse a saber.»

»«Estava ainda a pensar no assunto quando, levantando os olhos, vi o meu criado, Lal Chowdar, no limiar da porta. Entrou, fechou a porta e disse: ‘Não tenha medo, sahib, ninguém precisa de saber que o matou. Vamos escondê-lo, e quem o encontrará?’ Retorqui: ‘Não o matei.’ Lal Chowdar abanou a cabeça e sorriu. ‘Eu ouvi tudo, sahib, ouvi-o discutir e ouvi o golpe que lhe deu. Mas os meus lábios ficarão selados. Estão todos a dormir cá em casa. Vamos levá-lo daqui para fora.’ Foi o suficiente para me decidir.

Se o meu próprio criado não acreditava na minha inocência como conseguiria prová-la a doze estúpidos comerciantes na bancada do júri de um tribunal? Lal Chowdar e eu escondemos o corpo nessa mesma noite, e passados poucos dias os jornais de Londres estavam cheios de referências ao misterioso desaparecimento do capitão Morstan. Como vêem, não tenho culpa do que aconteceu. Sou culpado, sim, do facto de termos escondido o corpo e o tesouro, ficando eu com a minha parte e com a de Morstan. Pretendo, por conseguinte, que façam a restituição. Aproximem os vossos ouvidos da minha boca. O tesouro está escondido...»





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