O Sinal dos Quatro - Cap. 6: 6 - Sherlock Holmes Faz Uma Demonstração Pág. 48 / 133

- Conheço um cão que seguiria este cheiro até ao fim do mundo. Se uma matilha consegue farejar a caça através do condado, não iria um cão especialmente treinado muito mais longe atrás de um cheiro tão intenso como este? Parece-me tão óbvio como uma regra de três simples. A solução será... Mas... creio que chegaram os representantes oficiais da lei.

Ouviam-se pesados passos e o clamor de vozes. No andar inferior a porta do vestíbulo bateu ruidosamente.

- Antes que cheguem - disse Holmes -, apalpe o braço e a perna deste desgraçado. Que sente?

- Os músculos estão tão rígidos que parecem de madeira - respondi.

- Exacto. Estão extremamente contraídos, excedendo muito o habitual rigor mortis. Tendo também em conta a distorção do rosto, este sorriso hipocrático, ou risus sardonicus, como o velho escritor lhe chama, que conclusão tira?

- Morte devida à acção de um forte alcalóide vegetal - respondi -, qualquer substância como a estricnina que provoca o tétano.

- Foi a ideia que me ocorreu quando vi os músculos contraídos do rosto. Ao entrar na sala procurei imediatamente saber de que modo o veneno penetrara no organismo. Como viu, descobri um espinho espetado pouco profundamente no couro cabeludo. A parte atingida foi a que ficaria voltada para o buraco do tecto se o homem estivesse sentado na cadeira. Agora examine este espinho.

Peguei-lhe cuidadosamente e observei-o sob a luz da lanterna. Era comprido, aguçado, negro. A ponta brilhava como se estivesse coberta de uma substância gomosa que secara. A extremidade aguçada fora aparada e afiada com uma faca.

- É um espinho inglês? - perguntou Holmes.

- Não, claro que não é.

- Com todos estes dados poderia chegar a uma conclusão. Mas aqui está a polícia, por isso as forças auxiliares devem bater em retirada.





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