O Sinal dos Quatro - Cap. 6: 6 - Sherlock Holmes Faz Uma Demonstração Pág. 49 / 133

Acabara de falar quando os passos, que se aproximavam cada vez mais, soaram ruidosamente no corredor. Um homem alto e entroncado, vestido com um fato cinzento, irrompeu bruscamente na sala. Tinha uma cara avermelhada, vigorosa, pictórica, e um par de olhos pequenos sempre a piscar e cheio de vivacidade entre as pálpebras inchadas. Atrás dele vinham um inspector fardado e o agitado Thaddeus Sholto.

- Lindo serviço! - exclamou o inspector com uma voz abafada e rouca. - Mas que lindo serviço! Quem é esta gente toda? Esta casa está tão cheia que parece uma coelheira.

- Creio que sabe quem sou, Sr. Athelney Jones - disse Holmes calmamente.

- Ora, claro que sei! - retorquiu com uma voz arquejante. - É o Sr. Sherlock Holmes, o teórico. Lembro-me bem de si! Nunca esquecerei a prelecção que nos fez sobre causas, inferências e efeitos, relativamente ao caso das jóias de Bishopgate. É verdade que nos pôs na pista certa; mas terá de admitir que foi mais uma questão de sorte que de boa orientação.

- Tratou-se de um raciocínio muito simples.

- Oh, vamos lá! Não se envergonhe de reconhecer a verdade. Mas que se passa aqui? Um caso sério! Os factos são evidentes, não há lugar para teorias. Que sorte eu estar aqui em Norwood a tratar de outro caso! Estava na esquadra quando a mensagem chegou. Qual pensa ter sido a causa da morte deste homem?

- Oh, trata-se de um caso acerca do qual não vale a pena eu teorizar - respondeu Holmes secamente.

- Não, não. Apesar de tudo, não podemos negar que você acerta de vez em quando. Meu Deus! A porta fechada, percebo. Jóias no valor de meio milhão desapareceram. Como estava a janela?

- Fechada; mas há pegadas no parapeito.

- Bem, bem, se estava fechada as pegadas nada têm a ver com o caso.





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