Pinchin Lane era um arruamento de casas de tijolo com dois andares, na parte baixa de Lambeth. Tive de bater durante bastante tempo no n.º 3 até ser ouvido. Por fim, vi o tremeluzir de uma vela atrás da preciana, e um rosto espreitou pela janela de cima.
- Vá embora, seu bêbedo vadio - disse o homem. - Se continua a fazer barulho, abro o canil e largo quarenta e três cães atrás de si.
- Deixe sair só um, pois foi por isso que cá vim retorqui.
- Vá embora! - gritou ele. - Tenho um cacete aqui neste saco e leva com ele na cabeça se não se põe a andar!
- Mas eu vim buscar um cão - insisti.
- Não quero discutir consigo! - gritou novamente o Sr. Sherman. - Agora desapareça; vou contar até três e depois lá vai o cacete.
- O Sr. Sherlock Holmes... - comecei por dizer; mas estas palavras tiveram um efeito mágico, pois a janela fechou-se imediatamente e, passado um minuto, a porta abriu-se. O Sr. Sherman era um velhote alto e magro, com as costas curvadas, o pescoço enrugado e uns óculos azulados.
- Um amigo de Sherlock Holmes é sempre bem-vindo - afirmou o velhote. - Entre, senhor. Não se aproxime do texugo, que ele morde. Ah, malvado, eras capaz de morder neste senhor? - falava agora para um arminho de focinho pontiagudo que espreitava com os seus olhos vermelhos por entre as grades da gaiola. - Essa não faz mal, senhor; é uma anguinha. Não tem dentes, por isso deixo-a andar à solta para afugentar as baratas. Desculpe ter-lhe respondido mal há bocado, mas é que os rapazes costumam meter-se comigo e às vezes vêm cá para me acordar. Que queria o Sr. Sherlock Holmes?
- Um dos seus cães.
- Ah!, deve ser o Toby.
- Sim, é o Toby.
- Está no n.º 7, aqui à esquerda.